Lembro de ver nossos filhos no quintal,
Era quarta-feira e não tinhamos escovado os dentes ainda
Acabamos de acordar e fomos ver se já tinham nascido
Inda não, então ficamos eu e eles rindo no balanço na jaqueira
Você veio, e lembro de parecer com a minha mãe, que conseguia ser doce e nos dar uma bronca ao mesmo tempo
Entramos
Aperto o tubo de creme dental no meio
Ela, a mais novinha, me dá uma bronca
Uma linda bronca de uma linda menina
É assim pai...
Aprendo e repito o gesto na escova dele
Ele, muito parecido com você
Incrivelmente sisudo e doce, sorrí, e diz:
Pra cima e pra baixo, pros lados e não esqueça de escovar a língua
Esse era ele dando ensinamentos a uma pai não muito convencional
Esse era eu, barba por fazer, cabelo estranho meio começando a esbranquiçar
Cantava escovando os dentes uma música que não me lembro
Mas se chovia era Sing’in in the rain ou Please don’t care my sunshine away ou Chove chuva
Eles me imitavam, ríamos, gargarejávamos alto ao ritmo da música,
Você chegava, beijava-a, abraçava-o e apertava a sua mão (tratando-o como um homenzinho)
Fazia ondas em meu cabelos, me beijava e dizia que esses eram rituais que faziam a vida valer a pena...
Você lembra?
2 comentários:
O que dizer agora?
Se você conseguiu fazer recortes de uma vida que ainda não viveu?! E com tamanha saudade nas palavras e carinho e atenção nos gestos descritos?!
Nossa... eu me emocionei! (Risos)
Abraços, com o mesmo carinho das palavras,
Bruna
Ah, vou comentar outra vez. Não pra falar dos textos, mas dessa imagem lindíssima que você colocou agora.
Oh...
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